Hana Dourado, especial para O Poti
João Telino da Costa Neto, ou apenas, Telino, foi um dos principais nomes do ABC na década de 70. O quarto zagueiro da equipe alvinegra estava na famosa excursão de 1973 que o clube fez, após ser surpenso pela CBD (Confederação Brasileira de Desporto) por dois anos, devido o uso de jogadores irregulares no campeonato de 1972. Nascido em 16 de março de 1948, ainda com um ano de idade, o ex-atleta foi morar na Paraíba e relembra a infância como algo muito diferente dos dias hoje, marcada pelos jogos de futebol nos terrenos baldios do bairro, com pés descalços e com bola pintada de preto e branco para que se parecesse uma bola oficial.
O futebol era encarado com uma brincadeira, algo sem valor, Telino sofreu muito, apanhou por jogar na infância e revela que seu gosto por futebol acabou naquela época, e que se tornar jogador de futebol foi mais uma das ironias que se pode acontecer na vida. "Ninguém queria saber de futebol, levei muito cascudo e muita surra por causa disso. Meu gosto por futebol foi diminuindo, acabei virando jogador porque tinha habilidade e não porque gostava".
Com 17 anos, o zagueiro entrou na equipe juvenil de um time paraibano e no mesmo ano se tornou profissional, e assim, sua carreira começou a deslanchar. Telino jogou pelo Botafogo da Paraíba, Náutico e, posteriormente, ABC. No período em que jogava pelo Náutico, uma lesão no menisco direito o deixou um ano parado. "Naquela época as coisas eram bem diferentes, a cirurgia deixava qualquer jogador impossibilitado, era preciso abrir todo o joelho pra tratar a lesão, muitos amigos meus deixaram de jogar futebol por causa dessa cirurgia. Eu tive sorte e voltei a jogar."
Ainda jogando pelo Náutico, Telino chegou a ver a Copa de 1970 e toda empolgação que Recife passava por sediar um dos jogos. Segundo ele, essa é uma das melhores coisas que marcaram na época de jogador. Depois disso, numa série de negociações, o zagueiro foi transferido para o ABC e junto com a equipe alvinegra, Telino conquistou o tetracampeonato estadual com o um dos melhores times que o Alvinegro já teve. Alberi, Sabará, Danilo Menezes e Jorge Demolidor são apenas alguns nomes da equipe de estrelas.
Além da conquista do Tetra, o quarto zagueiro também fez parte da equipe que viajou por três continentes, durante 112 dias, em 1973. Enquanto ganhava de algumas seleções africanas, europeias e de times considerados tradicionais, como o Fenerbahce da Turquia, Telino disse que o que mais marcou foi presenciar as quedas de alguns regimes ditatoriais na Europa e ver de perto o Apartheid na Africa do Sul.
Ex-comerciante e ex-jornalista
Poucos anos depois da excursão e da conquista do Tetra, outra lesão no menisco, dessa vez no joelho esquerdo, o fez abandonar os campos. E com apenas 28 anos, Telino mudou totalmente sua vida, se casou, teve três filhas, trabalhou com diversas coisas, desde comerciante, treinador de futebol até jornalista de bairro, esse último considerado especial. O jornal produzido era um trabalho de apoio aos moradores do antigo bairro em que morava. Junto com três amigos criou o jornal Candelária Viva, que tinha como foco, informar, ajudar e até denunciar fatos ligados ao bairro. O jornal teve circulação por dois anos e um exemplar de cada edição é guardado com carinho numa pasta muito bem guardada em sua casa.
A vida de Telino mudou bastante, o futebol se tornou parte do passado. Ainda tentou ser treinador e ensinar aos jovens, mas não deu certo, "os jovens estão sem interesse, não respeitam mais", disse.
Além disso, seu vínculo com o clube que lhe deu grandes méritos quase não existe mais. Apesar de ter sido convidadopelo ABC para participar ativamente do clube, Telino disse que nunca teve interesse de voltar ao clube. Não por falta de carinho ou respeito, mas sim pelo fato do futebol ter deixado de ser uma prioridade em sua vida. "Não acompanho futebol, não sei nada de América, não sei nada de ABC# Eu ainda não conheci o Frasqueirão, sempre me chamam para ir lá, mas eu não posso".
Por fim, o ex-zagueiro, ex-comerciante e ex-jornalista de bairro completa a entrevista dizendo que um dia, quem sabe, possa a voltar ao mundo de futebol ensinando crianças, mas por agora, ele só quer descansar. "Aqui em casa tem um campo de futebol, daqui uns anos talvez eu faça uma escolinha de futebol, mas só no futuro."
O futebol era encarado com uma brincadeira, algo sem valor, Telino sofreu muito, apanhou por jogar na infância e revela que seu gosto por futebol acabou naquela época, e que se tornar jogador de futebol foi mais uma das ironias que se pode acontecer na vida. "Ninguém queria saber de futebol, levei muito cascudo e muita surra por causa disso. Meu gosto por futebol foi diminuindo, acabei virando jogador porque tinha habilidade e não porque gostava".
Com 17 anos, o zagueiro entrou na equipe juvenil de um time paraibano e no mesmo ano se tornou profissional, e assim, sua carreira começou a deslanchar. Telino jogou pelo Botafogo da Paraíba, Náutico e, posteriormente, ABC. No período em que jogava pelo Náutico, uma lesão no menisco direito o deixou um ano parado. "Naquela época as coisas eram bem diferentes, a cirurgia deixava qualquer jogador impossibilitado, era preciso abrir todo o joelho pra tratar a lesão, muitos amigos meus deixaram de jogar futebol por causa dessa cirurgia. Eu tive sorte e voltei a jogar."
Ainda jogando pelo Náutico, Telino chegou a ver a Copa de 1970 e toda empolgação que Recife passava por sediar um dos jogos. Segundo ele, essa é uma das melhores coisas que marcaram na época de jogador. Depois disso, numa série de negociações, o zagueiro foi transferido para o ABC e junto com a equipe alvinegra, Telino conquistou o tetracampeonato estadual com o um dos melhores times que o Alvinegro já teve. Alberi, Sabará, Danilo Menezes e Jorge Demolidor são apenas alguns nomes da equipe de estrelas.
Além da conquista do Tetra, o quarto zagueiro também fez parte da equipe que viajou por três continentes, durante 112 dias, em 1973. Enquanto ganhava de algumas seleções africanas, europeias e de times considerados tradicionais, como o Fenerbahce da Turquia, Telino disse que o que mais marcou foi presenciar as quedas de alguns regimes ditatoriais na Europa e ver de perto o Apartheid na Africa do Sul.
Ex-comerciante e ex-jornalista
Poucos anos depois da excursão e da conquista do Tetra, outra lesão no menisco, dessa vez no joelho esquerdo, o fez abandonar os campos. E com apenas 28 anos, Telino mudou totalmente sua vida, se casou, teve três filhas, trabalhou com diversas coisas, desde comerciante, treinador de futebol até jornalista de bairro, esse último considerado especial. O jornal produzido era um trabalho de apoio aos moradores do antigo bairro em que morava. Junto com três amigos criou o jornal Candelária Viva, que tinha como foco, informar, ajudar e até denunciar fatos ligados ao bairro. O jornal teve circulação por dois anos e um exemplar de cada edição é guardado com carinho numa pasta muito bem guardada em sua casa.
A vida de Telino mudou bastante, o futebol se tornou parte do passado. Ainda tentou ser treinador e ensinar aos jovens, mas não deu certo, "os jovens estão sem interesse, não respeitam mais", disse.
Além disso, seu vínculo com o clube que lhe deu grandes méritos quase não existe mais. Apesar de ter sido convidadopelo ABC para participar ativamente do clube, Telino disse que nunca teve interesse de voltar ao clube. Não por falta de carinho ou respeito, mas sim pelo fato do futebol ter deixado de ser uma prioridade em sua vida. "Não acompanho futebol, não sei nada de América, não sei nada de ABC# Eu ainda não conheci o Frasqueirão, sempre me chamam para ir lá, mas eu não posso".
Por fim, o ex-zagueiro, ex-comerciante e ex-jornalista de bairro completa a entrevista dizendo que um dia, quem sabe, possa a voltar ao mundo de futebol ensinando crianças, mas por agora, ele só quer descansar. "Aqui em casa tem um campo de futebol, daqui uns anos talvez eu faça uma escolinha de futebol, mas só no futuro."
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